Cruzeiro e Atlético entram em campo neste domingo sob a sombra dos seus presidentes, que já foram ídolos e começam a ser questionados
carlos roberto
Com o time do Cruzeiro rateando e, fora de campo, na mira da Justiça, Zezé não tentará se eleger
Atlético e Cruzeiro se enfrentam neste domingo (28), às 18 horas, na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, pela última rodada do turno do Campeonato Brasileiro, em um clássico que não condiz com a tradição das duas equipes, acostumadas a brigar na ponta da tabela e, assim, deixar a rivalidade à flor da pele. E os dirigentes das duas equipes têm boa parte da responsabilidade disso.
Enquanto o Atlético amarga a zona de rebaixamento (17º), com apenas 15 pontos, e acumula 11 derrotas na competição, o Cruzeiro, considerado um dos favoritos ao título no início da campeonato, ocupa apenas a zona intermediária, com 24 pontos, sem esboçar qualquer reação ou ambição.
E o momento dos maiorias rivais se assemelham justamente em uma época que Alexandre Kalil, presidente do Atlético, que ontem confirmou ser candidato à reeleição no final do ano, e, Zezé Perrella, mandatário do Cruzeiro que já confirmou que vai deixar o clube na mesma época, vivem momentos de desencanto com suas torcidas.
Cartolas falastrões, ambos chegaram a ser ídolos de atleticanos e cruzeirenses, mas hoje são apontados como os responsáveis pelos momentos ruins dos dois clubes.
Perrella, apesar de senador, é alvo de várias denúncias do Ministério Público Estadual e da Polícia Federal. Acusado de enriquecimento ilícito, o presidente cruzeirense adquiriu uma fazenda avaliada em R$ 60 milhões, em Morada Nova de Minas, na Região Central mineira. Lá, a atividade agrícola, que visa até mesmo à exportação, é extensa, com criação de bovinos e suínos, além de plantação de grãos. Ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Perrella informou ter R$ 490 mil em bens.
Mas seus últimos anos no Cruzeiro têm sido marcados pela falta de títulos importantes. Desde a Tríplice Coroa, em 2003, há oito anos, que o clube celeste não tem uma conquista expressiva de nível nacional ou internacional.
Já Kalil, que voltou ao Galo nos braços do povo, no fim de 2008, perdeu o crédito depois de várias trapalhadas. A última delas parece pode ter acontecido ontem, com a dispensa de jogadores às vésperas de um clássico decisivo.
Kalil pediu que, apesar da situação complicada, que a torcid abrace o Galo (Foto: Carlos Roberto)
Em 2009, Kalil viu sua equipe ser goleada pelo Cruzeiro por 5 a 0, na primeira partida da final do Campeonato Mineiro. No Brasileiro, viu o time liderar em grande parte do torneio, mas derrapou no final de forma vexatória e sequer conseguiu a classificação para a Libertadores, tomada, inclusive, pelo Cruzeiro, que disputou em grande parte da competição com os reservas devido a Libertadores.
No segundo ano de seu mandato, em 2010, a volta para a Segunda Divisão ficou mais próxima. Com um time caro e comandado por Vanderlei Luxemburgo, o Atlético passou 24 rodadas na zona de rebaixamento e apenas após a chegada de Dorival Júnior conseguiu se safar da nova queda para a Série B.
Nessa temporada, o clube caminha na mesma rota, à beira do abismo. Com o time recheado de “estrelas”, a equipe acumula fracassos no Mineiro, Copa do Brasil e Sul-Americana. No Brasilero, briga contra a zona de rebaixamento. Apesar disso, ele garante: “É muito bom ser presidente do Atlético. Antes, ninguém queria. Agora, o cara vai sentar lá na cadeira e pegar um clube organizado. Kalil ainda reforçou o pedido de apoio da torcida nessa reta final de Brasileirão.
“Essa mesma torcida que está p..., como eu também estou, é a mesma que pediu o Luxemburgo, Réver, André, Guilherme. Tudo o que foi tentado até agora foi pensando no melhor. O Atlético não vai caminhar para o abismo. Vamos fazer diferente a partir de agora. Eu peço à torcida que abrace o time”, concluiu Kalil.